2 de julho de 2010

A Carta sem resposta


Ela não queria deixa-lo ir. De certa forma ela sabia. Sabia que era a última vez que o ia ver.
Abraçou-o com toda a sua frágil força. Soltou o maior dos seus suspiros, enterrou a cara no peito dele e fechou os olhos.
Senti-o a afastar-se. A afastar-se dela. A partir.
Ouviu, por fim, o arrepiante toque de partida. Virou costas e encaminhou-se para sítio nenhum…
Tinha passado meses. Meses de ausência sufocante, de saudade descontrolada, de dor. Ela sabia que ele ainda estava vivo. Ele respondia às cartas, mas mais que isso, ela sentia-o vivo. Trocavam entre si amargas cartas de saudade, cartas desesperadas por um futuro melhor. Foi assim o rodopio dos últimos meses.
Ela parou de o sentir. Caminhou para a porta, abriu-a e deixou que a suave brisa quente da manhã de verão lhe tocasse gentilmente. Dirigiu-se à grande falésia ao largo da sua casa. Deixou o horror e a dor trespassarem-lhe a alma, novamente. Deu um passo em frente. Já conseguia ouvir o barulho das ondas a fustigarem as rochas lá em baixo. Ela sentia que o tinha de fazer. Para ir ter com ele…
Deu outro passo em frente e fechou os olhos…

4 comentários:

  1. Oh tão lindo...andamos inspirados menino...gostei de ver ^^. Anda tudo bem com vocemesse? Eu não tenho tempo para tantos posts mas não é desculpa para não dares sinal de vida...por isso nada de refilar =P

    Beijinho e bom fim de semana*

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