Lisboa: O Final
Ambos saíram da majestosa Torre Eiffel. Afonso segurava a esguia cintura de Brigitte e sussurrava-lhe ao mesmo tempo aos seus delicados ouvidos. Ele afastava os desgrenhados cabelos dela, agitados pelo vento que se tornava feroz, e acariciava a sua feliz face com os seus longos dedos.
Um repentino trovão abate-se sobre a cidade de Paris que já estava pintada de negro pelas espessas nuvens carregadas de mau presságio.
- What?! It was really nice when we left your house… - Disse Afonso, analisando o céu ameaçador.
- I don’t give a shit! I’m with you – Responde Brigitte a sorrir.
Afonso, deliciado, beija-a e envolve-a nos seus fortes braços para a proteger da revoltosa tempestade que ia ganhando força. Os seus já conhecidos lábios dançavam num apaixonado bailado, perfeitamente coreografado e executado, enquanto o vento, aliado com os trovões, rugiam aos ouvidos dos parisienses e dos dois amantes.
Afonso, lentamente, abre os olhos e diz:
-Stay with me…
-Forever – Diz ela comovida.
A pequena fotografia de ambos em Lisboa fora, de súbito, apanhada pela forte tempestade e foi arrastada sem piedade pelo grosseiro vento.
Afonso larga Brigitte e corre atrás da Polaroid que embate no frio chão de Paris no exacto momento em que começa a cair do pesado céu grossas gotas de água.
Afonso apanha a molhada Polaroid e, nesse exacto momento, um berrante som de uma cruel bala disparada irrompe pela frenética cidade que, numa fracção de segundos, se torna sombria e silenciosa.
Afonso olha, cautelosamente, para trás. Vê Brigitte caída na calçada, curiosamente de estilo português, de mãos no peito a jorrar sangue para o chão que já se encontrava alagado pela imparável chuva.
Afonso fica petrificado a olhar para Brigitte e para o tosco mas fatal ladrão que tentava escapar da polícia francesa depois de ter assaltado uma ourivesaria perto da Torre Eiffel e que disparou contra o tímido peito de Brigitte por engano.
Ele, incrédulo, corre na direcção dela. Ajoelha-se e acolhe-a nos seus braços. A chuva embatia nos amantes com força e as lágrimas de Afonso começavam, incessantemente, a brotarem-lhe dos esbugalhados olhos.
-Please… Stay! – Disse ele a agarrar na face dela e a soluçar.
-It would be so perfect… - Dizia ela a divagar.
Afonso agarra-a com mais força contra o seu peito e beija-a nos lábios que já não o acompanhavam na perfeita dança coreografada.
-I’ll always be with you Afonso… - Diz ela. A custo levanta um dos braços e acaricia a face de Afonso ao mesmo tempo que dizia, com o seu sotaque francês:
- Amo-te Afonso.
-Je t’aime – Respondeu ele, beijando-a um última vez.
Um revoltado trovão irrompe nos céus escuros de Lisboa. A cidade da saudade é, assim como Paris, fustigada por terríveis e súbitas intempéries negras que nada mais eram que a materialização de um terrível, amaldiçoado destino cruel.
-Amo-te – Sussurrava ele uma última vez para Bri.