26 de agosto de 2010

Tempestade Sem Fim


A chuva batia, violentamente, na intimidada janela. O vento fustigava o pobre telhado que rangia em uníssono. A trovoada eclodia, sonoramente, por toda a pequena casa. A natureza estava em guerra com aquela insignificante casa. Ele também se encontrava na guerra, uma guerra psicológica. Ele, de súbito, acorda ofegante. O suor escorria-lhe pela face desfigurada pelo medo. As lágrimas brotavam dos seus olhos cansados e as mãos, trémulas e débeis, procuravam, incessantemente, o interruptor do pequeno candeeiro da mesa-de-cabeceira.
Respirou fundo e murmurou para si:
-Está tudo bem! Ela está aqui… Tu não estás lá.
Assustou-se, momentaneamente, com um berrante trovão. Suspirou e voltou, lentamente, a deitar-se. Apagou a luz e fechou, novamente, os olhos.
O medo trespassou-lhe a alma. A respiração revoltou-se e o coração bombeou o sangue descompassadamente. Os tiros e as bombas berraram uma vez mais nos seus ouvidos, as lamúrias praguejavam novamente, os gritos enfureceram-se de novo e os olhos voltaram a chorar. Ele grita, já desesperado. Ela, assustada, acorda. Liga o candeeiro e olha para ele, já desfigurado. Ela puxa-o contra o seu volumoso peito. Encosta os seus carnudos lábios à sua orelha e sussurra-lhe:
-Estou aqui… Eu estou aqui.

6 comentários:

  1. ena...
    podes não acreditar mas com esse texto parece que estamos lá.. até eu fiquei assustada..
    adorei...

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  2. já sabes que adoro os teus textos, nem sei o que dizer

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  3. Nesse aspecto não consigo fazer distinção porque gosto de todas as artes :b
    O Expiação também ainda não vi, é bom?

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  4. eu também gosto de ler sagas,também o Harry Potter [ansioso pelos dois últimos filmes].
    eu também gosto de clássicos, mas também sou um pouco marginal, gosto de livros invulgares!

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